Escobar – A Traição – Avaliação do Filme

Escobar – A Traição – Avaliação do Filme

Escobar – A Traição poderia ser só mais um na longa lista de adaptações da história do megatraficante Pablo Escobar para as telas de alguma mídia audiovisual. Recentemente tivemos o Wagner Moura interpretando o personagem na série de José Padilha, Narcos, e foi até indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator em série dramática.

Escobar – A Traição poderia ser só mais um na longa lista de adaptações da história do megatraficante Pablo Escobar para as telas de alguma mídia audiovisual. Recentemente tivemos o Wagner Moura interpretando o personagem na série de José Padilha, Narcos, e foi até indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator em série dramática.

Mas agora, com o tempo já nos dando um espaço para críticas mais saudáveis e menos ufanistas, é possível dizer que o retrato que Moura fez de Escobar era um tanto quanto caricato, além de glamorizar excessivamente os crimes que ele cometeu. Portanto, este filme vem para tentar corrigir esses rumos, e em partes, consegue.

Traficantes também amam

O filme foca mais na relação de Pablo Escobar com uma apresentadora de TV com quem ele se relacionou por um tempo, “às escondidas”. Isso está entre aspas porque, bem, praticamente todos na Colômbia sabiam desse affair, mas a vista grossa era geral porque todos sabiam do poder que o traficante possuía – ele era, de fato, quem mandava no país.

E a interpretação de Javier Barden, ator que já carrega um Oscar por Onde Os Fracos Não Tem Vez, é que dá o tom desse longa. O intérprete consegue entrar mesmo em qualquer personagem e dar-lhe vida e personalidade. Seu Escobar é tenso, forte, ousado e amedrontador. E tudo isso a gente consegue perceber apenas olhando as expressões dele em face de algum problema ou situação que ele se encontra no momento. É coisa de gente talentosa, um cara genial na atuação.

Sua esposa na vida real também não fica atrás. Penélope Cruz, outra oscarizada (Vicky Cristina Barcelona) brilha interpretando a amante de Escobar, Virginia Vallejo, a apresentadora que se envolve com o cara mais perigoso da Colômbia sabendo exatamente o que ele faz para ganhar a vida, mas não dando a mínima – desde que o dinheiro entre e ela não perca o seu homem. Com o passar do tempo, a sua dúvida cerca da moral dessa relação vai ficando cada vez mais vívida, e podemos sentir quando ela começa a realmente temer Escobar. Também é uma atuação brilhante, que poucas atrizes atuais conseguem entregar com tanta competência.

Tecnicamente problemático

Infelizmente, Escobar – A Traição não está livre de problemas. A maior parte deles está em toda a primeira parte do filme: apesar de impressionantes, os feitos de Escobar para manter-se no poder e comandando o maior cartel de drogas de que se tem notícia já são fatos que vimos em outras mídias; documentários, filmes e séries. Não há nada de novo, e quem já viu e conhece essas situações pode se sentir um pouco entediado.

E a direção não ajuda nesse sentido. À frente do projeto está Fernando León de Aranoa, que dá um ritmo arrastado e lento em todo o primeiro ato do filme. Talvez para mostrar ao público essa face horrenda de Escobar, ele acaba sendo excessivamente didático com um sujeito que é um personagem histórico com uma história absurdamente conhecida.

Por sorte, os problemas do filme acabam aqui. A partir do segundo ato o filme ganha uma vida nova, e até as atuações são elevadas. A direção se acerta e acabamos nos empolgando com esse romance proibido entre Escobar e Vallejo, que esconde um jogo de poder e ambição que nós acompanhamos, extasiados. No fim, colocando tudo na balança, Escobar – A Traição é um longa correto, emocionante e tenso na medida certa e que traz luz a uma história de amor muito pouco conhecida – essa sim, vale a pena acompanhar.

Marina
EDITOR
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