Filmes de invasão alienígena existem aos montes por aí, mas Extinção é diferenciado.
Você pode encontrar desde exemplares fofinhos como Contatos Imediatos de Terceiro Grau ou E.T. – O Extraterrestre, ambos de Steven Spielberg até invasores sanguinários como em Guerra dos Mundos – do mesmo diretor.
Tem para todos. Entretanto, nos últimos anos a leva de filmes com essa temática tem sido relativamente fraca (com uma exceção louvável a A Chegada, fenomenal filme de Denis Villeneuve). Agora, a Netflix lança o seu mais novo exemplar desse gênero: Extinção é um filme que se divide entre o drama pessoal e o horror da aniquilação da humanidade.
Extinção e a versatilidade de Michael Peña
O maior trunfo desse filme, antes mesmo de seus méritos técnicos e artísticos, é a consolidação de Michael Peña como um ator requisitado por Hollywood.
Depois de muitos anos sendo negligenciado a papéis menores, coadjuvantes, finalmente ele está conquistando seu espaço entre os atores mais solicitados do cinema, e ganhando cada vez mais projeção – que finalmente o trouxe para um lugar de destaque nos filmes, chegando até o protagonismo de um candidato a blockbuster, no caso, este Extinção.
Interpretando Peter, um homem comum que prevê o caos no planeta, ele alcança o estado de graça. Sua atuação passa uma enorme segurança como pai de família preocupado em manter seus entes queridos a salvo. Nem parece o mesmo ator que aparece em Homem Formiga e a Vespa, comédia de ação da Marvel que estreou no começo do mês.
Ele transita entre a insegurança e a força com uma naturalidade enorme e sendo capaz, em determinadas cenas, de transmitir esses sentimentos apenas com o olhar.
Seu papel em Extinção é difícil, sendo o homem que prevê, através de sonhos, a invasão alienígena quando ninguém sequer suspeitava dela.
E a garra com que defende seu papel merece mais reconhecimento.
Aliás, há muito tempo precisa ser reconhecido como o ator talentoso que é.
Uma produção tensa, mas funcional
Originalmente, Extinção deveria ter sido lançado nos cinemas no começo deste ano.
Porém, a Universal Pictures engavetou o projeto por tempo indeterminado.
Como o filme já era de conhecimento de boa parte da indústria, houve a indefinição: o que fazer com ele?
Certamente a Universal Pictures aguardava um momento mais propício para lançá-lo, longe da concorrência dos arrasa-quarteirão de super-heróis. Seria uma batalha injusta.
Aí a Netflix entrou no circuito e comprou os direitos do longa e o lançou neste 27 de julho em sua plataforma.
Sorte do diretor Ben Young, que pode ver seu filme finalmente lançado.
Young, que dirige aqui apenas seu segundo filme, consegue dar a Extinção uma cara diferente.
O longa poderia fracassar nas mãos de um diretor menos seguro, mas felizmente ele acerta e por isso ele deve ser creditado como um fator essencial para o sucesso dessa produção.
Deve ter sido um alívio: ter a estreia de seu filme cancelado deve ter sido um golpe duro; por sorte, a Netflix sabe reconhecer material com potencial, vide o que aconteceu com The Cloverfield Paradox.
Por fim, vale dizer que Extinção é um filme tenso e dramático.
Chega a ser irônico que um bom filme com a temática alienígena tenha demorado tanto a aparecer, e quase cancelado enquanto produções de valor muito abaixo da crítica ganham as salas de cinema para fracassarem retumbantemente.
Isso só demonstra que as grandes distribuidoras estão perdendo a mão, enquanto a Netflix, com um faro certeiro, consegue trazer ao público uma obra que realmente vale a pena assistir.