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Os Últimos Jedi: Entre a Promessa e a Realidade

by Lucas Chartzie
Star Wars: entre a promessa e a realidade

Mais um lançamento de 2017 o filme Os Últimos Jedi da franquia Star Wars, que também pode ser chamada de ninho de vespeiro.

Geralmente, qualquer crítica negativa é rechaçada com muita emoção e pouca razão, o que acaba sendo até normal, já que um fã de fato quer gostar do produto que está consumindo.

Mas, até os deuses erram, e como uma das próprias mensagens desse episódio 8 diz:

precisamos destituir as coisas das lendas criadas em torno delas, pois, a realidade pode ser completamente diferente.

Dito isto, é com peso no coração que digo que, pra mim, Os Últimos Jedi foi um filme bem abaixo do que eu esperava, principalmente pelo fato de que ele é uma continuação direta de O Despertar da Força (este é um filmaço).

Mas, o que deu errado?

Bem, podemos dizer que a primeira uma hora de duração do filme é que deu errado. Explico: o começo do longa é deveras empolgante, acelerado, com um bom senso de urgência, numa cena de perseguição fabulosa.

Porém, depois, o ritmo do filme decai no sentido que começa a intercalar cenas de Kylo Ren com o Líder Supremo, planejamentos da resistência contra a Primeira Ordem, e Rey tentando convencer Luke a treiná-la.

O grande problema é a falta de desenvolvimento satisfatório de todas essas ações. É claro que já conhecemos todos os personagens envolvidos, porém, são personagens antigos em novas situações, que não são devidamente exploradas. São cortes abruptos demais em situações que mereciam maior carga dramática.

Nesse meio tempo, ao menos, algumas interações entre Rey e Luke são não apenas interessantes, mas, essenciais em certo aspecto para entendermos como Luke está se sentindo nos dias de hoje, e o porquê da sua reclusão.

Num determinado momento, inclusive, ele pergunta a Rey quem ela é, e porque ela está ali, como se estivesse indagando aquilo para si.

Agora sendo mestre, ele parece ter mais a aprender com a sua pupila do que o contrário. Esses são diálogos importantes dentro do roteiro, pois, exemplificam o que o próprio Luke contesta neste momento em sua vida, de que os Jedi também eram arrogantes e que nem sempre um mestre tem todas as respostas. Uma bela reflexão dentro da mitologia da franquia, mas isolada dentro de uma narrativa arrastada.

Novos personagens também são inseridos

Ainda há a inserção de novos personagens que, no final, acabam não acrescentando muito à trama, como Rose, que no final comete uma ação pra lá de clichê.

O criminosos DJ, que também apela para o lugar comum daquele tipo de personagem que não é nem um um pouco confiável e Amylin, que até mostra um certo potencial ao mostrar uma dualidade em suas ações, mas, que depois, protagoniza mais um daqueles velhos clichês de sempre.

Some-se a isso algumas cenas um tanto constrangedoras envolvendo o nosso amado Chewbaccacom com alguns bichinhos, digamos, irritantes.

Depois de um tempo de filme, veio coisa boa

Só depois dessa famigerada uma hora é que o filme, de fato, “engrena”, justamente após a revelação do que aconteceu tempos atrás entre Luke e Kylo Ren. Aí sim a produção conseguiu mesclar momentos mais calmos e reflexivos, dando tempo para o desenvolvimento dos personagens e das situações, com cenas de batalhas de tirar o fôlego, e uma tensão crescente e assombrosa.

Nesse aspecto, destaque absoluto para a sequência que envolve Rey, Kylo Ren e o Líder Supremo. As cenas vão ficando cada vez melhores, o que me faz questionar porque roteiro e direção (a cargo da mesma pessoa, Rian Johnson) não construíram e desenvolveram ações desse tipo anteriormente.

E, verdade seja dita: os realizadores de Os Últimos Jedi estavam com a faca e o queijo na mão, dados por J. J. Abrams, 2 anos atrás. Bastava deixar a estória seguir e pronto.

Agora, claro, existem momentos ótimos no filme, como a crítica social feita por Rose naquele cassino a respeito da elite se beneficiar com a guerra, e da desconstrução de paradigmas dentro da mitologia Star Wars, onde vemos, por exemplo, um vilão com dúvidas, uma heroína com incertezas e um mestre relutante.

E, não nos esqueçamos daquele final anti-clímax, que mostrar que a franquia não é apenas batalhas com sabres de luz, usando e manipulando a expectativa do público de maneira até inteligente.

Só que são boas ideias jogadas meio que aleatoriamente numa estória um tanto tediosa e que, o tempo todo, parecia não avançar.

Poderia ter ficado melhor?

É pecado tentar fazer algo novo dentro de uma franquia de sucesso? Evidentemente que não. No entanto, que essa ousadia seja, ao menos, bem feita. Além disso, se a intenção é fazer algo novo, fica meio desonesto pegar emprestado estruturas que deram certo em filmes clássicos da franquia, como O Império Contra Ataca e O Retorno de Jedi. No frigir dos ovos, Os Últimos Jedi ficou mais na base da promessa do que da realização propriamente dita.

Que o episódio 9 então, comece uma nova e empolgante saga, e que ela seja o que público de Star Wars realmente merece ver no cinema.

Cotação: Resultado de imagem para três estrelas avaliação filme

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